"Meninas de 14 Anos: Casamento e Marmita em Alta no TikTok!"
Aparentemente simples, mas com um bom impacto. Um vídeo viral no TikTok, onde uma garota jovem se grava “montando a marmita do marido”, já tem mais de 2 milhões de visualizações. A hashtag #casadaaos14 reúne uma série de conteúdos que refletem uma rotina de jovens, mas por trás disso, há um alerta sobre a maneira como a vida conjugal é apresentada por adolescentese e as implicações disso.
Com mais de 190 mil seguidores, esse perfil retrata a vida de uma jovem casada e responsável, o que, segundo especialistas, é preocupante, pois notícias como essa podem reforçar uma visão distorcida sobre relacionamentos e responsabilidades. Outro perfil se descreve como “mini rotina, casada e grávida aos 14 anos”, embalando uma narrativa que romantiza a responsabilidade adulta.
Apesar de algumas postagens terem sido removidas pelo TikTok após reclamações, o conteúdo ainda levanta discussões sobre a normalização de casamentos prematuros, que são ilegais no Brasil. Especialistas afirmam que isso pode criar uma imagem ilusória de situações perigosas, como relacionamentos abusivos e casamentos infantis.
"Cuidado com o que Você Vê: Impactos de um Estilo de Vida Perigoso"
A pesquisadora Mariana Zan, do Instituto Alana, destaca que esse tipo de conteúdo pode parecer “bonito” ou “romântico”, enquanto na verdade promove desigualdade e violações de direitos. Dados do Censo 2022 mostram que 34 mil crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos estão vivendo em união conjugal, sendo 77% delas meninas.
Além disso, muitos vídeos de jovens fazendo tarefas domésticas e dando conselhos sobre vida a dois têm circulado, criando um ciclo de validação social que pode ser prejudicial. A pressão por reconhecimento nas redes sociais se soma ao fato de que esses comportamentos são considerados inaceitáveis pela legislação.
"Responsabilidade Digital: A Urgência de um Debate"
Após um escândalo envolvendo o influenciador Felca e um caso de adultização, a discussão sobre a proteção de crianças nas redes sociais ganhou força. O novo ECA Digital traz regras que ligam contas de crianças a responsáveis, tentando coibir conteúdos inadequados.
O TikTok, por sua vez, reforça que não apoia nem permite a exploração de jovens e que removeu conteúdos que violavam suas diretrizes. Mas, diante da viralização desses vídeos, fica a questão: como balancear a liberdade de expressão e a segurança dos mais jovens?
As redes sociais devem ser um espaço seguro, e as conversas a respeito desse tema precisam continuar para que a infância e a adolescência não sejam perdidas em meio a conteúdos problemáticos.




